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Fortaleza sedia XXX Congresso Brasileiro de Agronomia – CBA

Campo Grande, 15 set 2017 às 18:19

Realizado bianualmente, o Congresso Brasileiro de Agronomia (CBA) teve início na última terça-feira (12), no Marina Park Hotel, em Fortaleza. Com o tema “Segurança hídrica: um desafio para os engenheiros agrônomos do Brasil”, discussões em torno do agronegócio e de novos paradigmas para a Agronomia e para a sociedade, diante de crises alimentares, econômicas, ambientais e energéticas sistêmicas, norteiam a programação, que prossegue até a próxima sexta (15).
A mesa de abertura  que contou com as presenças do conselheiro federal Célio Moura, representando o Confea, do governador do Estado do Ceará, eng. agr. Camilo Santana, do presidente do Crea-CE, eng. civ. Victor Frota Pinto, e do presidente da Mútua, Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea, eng. civ. Paulo Guimarães.
Para Ângelo Petto Neto, presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) e coordenador do Colégio de Entidades Nacionais do Sistema Confea/Crea (Cden), a fala do governador Camilo Santana (PT) foi “brilhante, diante de uma cerimônia bastante concorrida”. Ao final, segundo Petto, o governador, condecorado pela Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado do Ceará – Aeac, “assumiu o compromisso de reorganizar a extensão rural do Ceará até 2018. Ele também demonstrou o investimento feito em torno da qualidade do ensino básico no Estado”.
Segundo Petto, o Congresso vem em momento em que a Engenharia Agronômica vem sendo reconhecida pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). “O Congresso foi valorizado porque estamos vindo de um importante reconhecimento, na cerimônia de Láurea ao Mérito da Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), em Belém, e também da importância da Confaeab como entidade precursora do Sistema, um mês e pouco depois. Para mim, isto é um atestado da inserção da Engenharia Agronômica dentro do Confea”, comentou.
Cenários
O presidente da Confaeab considera que o CBA chega também em um momento de crise, mas em que o setor demonstra mais uma vez a sua grandeza. “É incontestável a força do setor, demonstrada em mais um anúncio de previsão de safra recorde, fruto do agronegócio, onde o engenheiro agrônomo tem uma atuação preponderante. Isso vem ocorrendo, sem nenhuma interferência governamental, a não ser em torno da pesquisa anterior, desenvolvida há décadas pela Embrapa e por outros organismos estatais, como os do Estado de São Paulo. Nosso agronegócio atua sem a ação governamental. A não ser no momento do crédito e da pesquisa, não houve uma ação do governo voltada a esse incremento”.
Governador Camilo Santana, também engenheiro agrônomo, afirmou que retomará a extensão rural do Ceará até o fim de seu mandato
Governador Camilo Santana, também engenheiro agrônomo, afirmou que retomará a extensão rural do Ceará até o fim de seu mandatoPetto pondera que há um aumento da demanda de alimentos em todo o mundo, inclusive decorrente de eventos climáticos, como os recentes furacões nas Américas Central e do Norte. Mas ressalta que “não houve um plano direcionado para aumentar a produção agrícola do país, que tem um potencial exportador muito grande, prejudicado por circunstâncias que o ministro da Agricultura vem tentando reverter. Tem esse suporte, mas é o setor mesmo que caminha pelas próprias pernas, e ele exige esse tipo de postura”.
Para o próximo ano, afirma, a expectativa é de uma grande safra, a depender de fatores climáticos e outros. “Há uma enorme possibilidade de avançarmos. Temos tecnologia, terra pronta, estrutura, mas dependemos desses fatores”, diz, ratificando que a alta produtividade brasileira atende aos mercados interno e externo. “O consumo do produto agrícola continua se mantendo em um nível estável, mas não existe uma possibilidade de aumento da demanda interna”.
Em relação às mudanças climáticas, Ângelo Petto Neto considera que há um embasamento científico que define a ciclicidade do macroclima mundial, bem menos visível do que as mudanças de microclima. “No microclima como o da capital paulista, as transformações foram enormes, nos últimos 50 anos. A reverberação de calor é extremamente diferente. Agora, do ponto de vista do macroclima, os experts dizem que o clima no mundo é cíclico, mas aponta para um aumento da temperatura global em alguns anos”.
Cenário que vai continuar exigindo o uso de “sementes que tenham uma menor exigência hídrica, maior suporte a uma insolação”, sobretudo na área equatorial do Brasil. “Tem que ter uma estrutura diferente da produzida no Sul. Há muito tempo, isso vem sendo desenvolvido, temos variedades adaptadas a essas realidades”.
Programação integrada
O presidente da Confaeab considera que a Programação do CBA trata desses temas, com discussões voltadas para soluções para o semiárido, controle de escassez de água, mas também se integra em torno de discussões profissionais, como a fiscalização e as exigências legais. “Temos o compromisso de levar os resultados, as proposições para servir de embasamento para o Fórum Mundial da Água”, a ser realizado em Brasília, em março do próximo ano.
Em seu terceiro Congresso, Petto considera também que sua experiência junto ao Congresso de Entidades Nacionais do Sistema Confea/Crea, também amplia esse raio de debates. “No CDEN, temos pessoas de todas as profissões envolvidas até mesmo com o problema de águas profundas ou com a área sindical. O que possibilita um fluxo importante para ambos, CDEN e CBA, porque nossas discussões envolvem também todas as áreas abrangidas pelo Colégio de Entidades Nacionais”.
Na programação, Ângelo Petto destaca, na tarde desta quinta-feira (14), a palestra do deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL), coordenador da Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional. “Será extremamente importante para levarmos as nossas reivindicações que projetem ainda mais a Engenharia Agronômica brasileira”.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea