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Entrevista: engenheira cartógrafa Sandra Rotta fala sobre profissão e carreira

Campo Grande, 28 maio 2021 às 19:39

O dia 6 de maio é dedicado a homenagear os engenheiros cartógrafos. A data foi instituída pela Sociedade Brasileira de Cartografia em referência ao mais antigo trabalho cartográfico registrado no Brasil. Em 27 de abril de 1500, de acordo com o calendário Juliano utilizado, Mestre João, astrônomo da frota de Pedro Álvares Cabral determinou a latitude da Baía de Cabrália, atual Porto Seguro. O documento foi enviado à corte juntamente com a carta de Pero Vaz de Caminha; corrigida para o atual Calendário Gregoriano, a data então ficou como 6 de maio.

A profissão de engenheiro cartógrafo é uma das mais antigas do país e do mundo. No Brasil, sua origem remonta a 23 de abril de 1811, quando foi criada a Academia Real Militar, que teve seu nome alterado quatro vezes: Imperial Academia Militar (1822), Academia Militar da Corte (1832), Escola Militar (1840) e Escola Central (1958), que mais tarde se tornou a Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, concentrando o ensino de diversas disciplinas, incluída a cartografia.

A resolução 218/73 do Confea, discrimina as atribuições dos profissionais do Sistema. De acordo com ela, mais exatamente sem eu artigo 6º, aos engenheiros cartógrafos compete o desempenho de atividades de supervisão, coordenação, orientação técnica e fiscalização referentes a levantamentos topográficos, batimétricos, geodésicos e aerofotogramétricos; elaboração de cartas geográficas; seus serviços afins e correlatos.

O plenário do Crea-MS homenageou durante sessão plenária no dia 14 de maio, os engenheiros cartógrafos Antônio Eduardo Livramento e Sandra Helena de Sousa Rotta. A iniciativa visa reconhecer o trabalho de profissionais de engenharia e agronomia que desempenham seu trabalho visando ao desenvolvimento da engenharia e de Mato Grosso do Sul.

Engenheira cartógrafa, Sandra Helena de Sousa Rotta, por 32 anos integrou o quadro de servidores da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer), onde ocupou o cargo de gestora de desenvolvimento rural. Abaixo, a engenheira relata sua trajetória profissional.

Sandra Rotta é engenheira cartógrafa desde 1986. Foto: arquivo pessoal

Crea-MS – Como teve início sua história com a engenharia? Como foi a opção pela profissão?
Sandra – A engenharia sempre foi meu foco desde muito cedo e eu sabia quais eram as áreas que “não” atuaria. Na época do vestibular tomei conhecimento da engenharia cartográfica por intermédio de um tio, que era topógrafo. Me encantei; fui buscar onde havia o curso de graduação, e nessa busca cheguei à Unesp de Presidente Prudente, onde me formei em 1986.

Crea-MS – Sabemos que o número de mulheres na engenharia é muito pequeno, em comparação com o de homens. A sra. vivenciou alguma dificuldade – desde a faculdade até hoje – por ser mulher na engenharia?
Sandra – Realmente a discrepância no quantitativo entre homens e mulheres na engenharia sempre foi grande; na minha turma de graduação com 30 alunos, éramos somente em 5 mulheres. Me formei e fui procurar emprego. O mercado de trabalho, na época, restringia a atuação feminina, em especial  quando se tratava de  coordenação de equipes de campo e levantamentos topográficos/geodésicos. Particularmente, não tive grandes problemas quanto a isso.

Havia estagiado durante a graduação na Agraer e fui convidada a trabalhar em 1987, e lá nunca existiu discriminação da profissional feminina. Mas é claro que garantir espaço profissional num cenário predominantemente masculino demanda um esforço bem maior.

A cada dia a mulher ocupa espaços de grande relevância; prova disso é a engenheira agrimensora Vania Abreu na presidência do Crea-MS.

Crea-MS – Como a sra. avalia sua carreira? A engenharia te trouxe realizações?
Comecei a trabalhar na Agraer em 1987, e lá exerci a engenharia cartográfica por 32 anos.

Fui assistente, assessora técnica, chefe de divisão de Cartografia e Geografia e Gestor de Desenvolvimento Rural até 2020, quando então me aposentei.

Sempre estive muito realizada com a minha escolha profissional; a cartografia foi a opção de trabalho consciente e a exerci sempre com muita dedicação e profissionalismo.

Crea-MS – Como se sente tendo seu trabalho e sua história reconhecidos pelo Conselho?
Fiquei muito satisfeita em saber que, de alguma forma, contribui com meu trabalho durante esses anos todos e feliz pelo reconhecimento do Crea-MS através da homenagem a mim prestada. E certa de que o trabalho desenvolvido hoje pelo Conselho virá, em muito, a contribuir com a atuação dos profissionais em todos os contextos do Estado de MS.

Janine Gonzalez
Comunicação Crea-MS