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Entrevista: “A tecnologia colocou em evidência a engenharia de agrimensura”

Campo Grande, 04 jun 2021 às 00:28

Dia 4 de junho é dedicado a homenagear o engenheiro agrimensor. A agrimensura é uma das mais antigas artes praticadas pelo homem. Informações trazidas em artigo de autoria do professor Iran Corrêa, indicam que registros históricos apontam que essa ciência teve início no Egito; Heródoto (1400 a.C.) descreve em seus apontamentos, os trabalhos de demarcação das terras às margens do Nilo.

“O agrimensor era um funcionário nomeado pelo faraó com a tarefa de avaliar os prejuízos das cheias e restabelecer as fronteiras entre as diversas propriedades”, diz em seu artigo.

Uma das primeiras atividades de Engenharia desenvolvidas pelo homem, a Agrimensura permanece indispensável como trabalho básico em várias intervenções atuais. Das demarcações de terras em áreas urbanas e rurais, na urbanização e no desenvolvimento industrial, esses profissionais desenvolvem uma série de atividades que dão suporte a boa parte da intervenção humana na natureza.

Engenheiro agrimensor há 27 anos, Luiz Marcelo Verão da Fonseca atua nas mais diversas áreas da profissão. Já foi conselheiro do Crea-MS; é integrante da Associação de Engenheiros Agrimensores (Asmea) e servidor público estadual.

Na entrevista a seguir, o engenheiro agrimensor ressalta a importância da profissão no desenvolvimento das áreas urbanas e rurais e fala sobre a utilização da tecnologia na profissão.

Crea-MS – Como o sr. avalia a importância do profissional engenheiro agrimensor?

A engenharia de agrimensura é uma das ciências mais antigas da humanidade, que vem desde à época dos faraós no Egito, onde era utilizada para medir e parcelar as áreas agrícolas às margens do rio Nilo.
O engenheiro agrimensor está presente nos mais diversos segmentos da engenharia, atuando tanto nas cidades em obras de infraestruturas, cadastro técnicos multifinalitários, quanto no meio rural, nas construções de pontes e estradas, em projetos ambientais, georreferenciamento de imóveis urbanos e rurais. Atuando em órgãos públicos federais, estaduais e municipais, bem como em equipes multidisciplinares e também como profissionais liberais, dando consultoria, fiscalizando e executando obras e serviços.

Outra contribuição importante para a sociedade é na área da agrimensura legal, onde o engenheiro agrimensor realiza pericias em processos judiciais no que tange a avaliações de imóveis, desapropriações e inventários, atuando como perito (profissional de confiança do juiz) ou como assistente técnicos (profissional de confiança das partes).

Eng. Agrim. Luiz Marcelo Verão da Fonseca

Crea-MS – De que forma a engenharia de agrimensura contribui para o desenvolvimento das áreas urbanas e rurais?

A engenharia de agrimensura abrange diversas atuações: em aeroportos, pontes, estradas, construção civil, regularização urbana e rural, sistemas de abastecimentos de água e esgoto, georreferenciamento, ou seja, a agrimensura está em todos os segmentos atuando na coordenação, execução e fiscalização.

O engenheiro agrimensor possui um vasto campo de atuação na área das engenharias, contribuindo para o processo executivo das outras modalidades. Atuando também no campo do cadastro técnico multifinalitário, batimetria, levamentos topográficos e geodésicos, sensoriamento remoto, sistemas de informação geográfica, pericias e outros.

É essencial que o engenheiro agrimensor esteja presente nas obras de construção civil, ou seja, contribuindo para o desenvolvimento da cidade, bem como em projetos rurais da agronomia, ambiental , florestal, dentre outras, assim como também no desenvolvimento do campo. Em suma, o engenheiro agrimensor é um profissional primordial no desenvolvimento da sociedade como um todo.

Crea-MS – De que forma o uso da tecnologia influencia nas atividades da profissão?
O uso de tecnologia de ponta sempre esteve presente na engenharia de agrimensura. Hoje, com o advento de softwares, drones, GPS de alta precisão em tempo real, essas ferramentas de trabalho trouxeram resultados mais confiáveis para a sociedade, tornando os projetos ágeis e precisos.

Com as novas tecnologias dos GPS de precisão e softwares de geoprocessamentos, a agrimensura passou a exercer um papel de destaque no mundo de informações geográficas, contribuindo na geração de mapas digitais para que a população possa ter acesso diretamente e diariamente consumindo os dados gerados, em seus celulares, carros, computadores por meio de internet e aplicativos nos mais diversificados segmentos, tais como, consulta de um mapa territorial, um percurso a ser seguido, o treino na academia, dentre outras inúmeras informações oferecido ao público em geral. A tecnologia de ponta colocou em evidência a engenharia de agrimensura, uma vez que não passava de coadjuvante das engenharias.

Crea-MS – Como foi a sua opção pela engenharia de agrimensura?

Sempre me identifiquei com as ciências exatas no colegial; dessa forma quando fui fazer o vestibular par ingressar numa faculdade, me interessei pela engenharia de agrimensura. Confesso que não tinha ideia de quão vasto era o campo dessa engenharia.

Sou engenheiro agrimensor formado pelo Centro Superior de ensino Prof. Plínio Mendes dos Santos (Cesup) no ano de 1994. Conclui o curso de formação de professores para o magistério que habilita licenciamento em matemática no ano de 2000; pós-graduado em planejamento e gestão ambiental pela Universidade de Campo Grande – Unaes no ano de 2006; pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Anhanguera Educacional no ano de 2010; fui sócio na Empresa Palmeira Consultoria Agrária e Geo-Ambiental por 22 anos, exerço funções inerentes à engenharia de agrimensura no tocante a georreferenciamentos de imóveis rurais, regularização fundiária, retificação de áreas rurais e urbanas. Atuo em licenciamento ambiental com participação em projetos envolvendo equipes multidisciplinares para elaboração de estudo e relatórios de Impacto ambiental para aprovação em órgãos de interesse.

Fui integrante da diretoria da Asmea (Associação Sul-Mato-Grossense de Engenheiros Agrimensores de Mato Grosso do Sul) como tesoureiro na gestão (2010/2011) e atualmente integro a atual diretoria da Associação também como tesoureiro (gestão 2020/2021).

Fui conselheiro titular do Crea-MS no mandato de 2017 a 2019 na modalidade agrimensura como representante do plenário pela Asmea.

Sou Engenheiro Agrimensor de carreira no Estado de Mato Grosso do Sul, lotado na Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – Agraer, exercendo o cargo de confiança de chefe no setor de agrimensura e
assentamentos.

Janine Gonzalez
Comunicação Crea-MS