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Dia Mundial da Água: “a ideia de abundância reforçou uma cultura de desperdício”, diz conselheiro

Campo Grande, 22 mar 2019 às 18:23

Em 1992, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 22 de março o Dia Mundial da Água por meio da resolução 47/193. O objetivo, além de comemorar, é realizar atividades de reflexão sobre o significado da água para a vida na Terra.

O acesso à água e ao saneamento é reconhecido internacionalmente como um direito humano. Ainda assim, mais de 2 bilhões de pessoas não possuem acessos aos serviços mais básicos. Os dados foram apontados pelo relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, lançado em Genebra, no dia 19 passado.

Dados do Instituto Trata Brasil mostram que em Mato Grosso do Sul, 85,73% da população conta com rede de água; 47,10% têm acesso à coleta de esgoto; 42,46% contam com rede de tratamento de esgoto e 32,58% da água tratada é perdida.

Cons. Anderson Secco Conselheiro do Crea-MS, o engenheiro sanitarista e ambiental Anderson Secco dos Santos, é professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Graduado em 2012 pela Universidade Católica Dom Bosco (2012), possui MBA em Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental e é mestre em Agronomia, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/Ilha Solteira).

Em entrevista abaixo, o engenheiro fala sobre os problemas trazidos pela falta de acesso à água potável e também sobre como pode ser feito o reuso do recurso em domicílios.

Em 2015, três entre dez pessoas (2,1 bilhões) não tinham acesso à água potável segura, e 4,5 bilhões de pessoas, ou seis entre dez, não tinham instalações sanitárias geridas de forma segura. Como você avalia esta questão?
São dados alarmantes. A população mundial cresce de forma significativa e a demanda por esse recurso aumenta concomitante a isso. A carência de acesso à água potável e instalações sanitárias geridas de forma segura pela população, desencadeia diversos problemas de saúde pública muito preocupantes, pois é a causadora de diversas doenças que afetam a todos e são responsáveis pela mortalidade de muitas crianças de 0 a 5 anos no mundo. A falta de saneamento básico, além das diversas consequências negativas à população e ao meio ambiente, demandam elevados recursos dos governos para reparem os danos causados.

Qual você considera o principal desafio da população brasileira quando se fala em recursos hídricos?
O uso racional desses recursos e a cobrança dos governantes por investimentos em saneamento básico. Uma grande parcela da população brasileira não têm um acesso mínimo ao saneamento básico. A racionalização desse recurso deve atingir todos os diferentes usos da água doce como consumo humano, atividades agrícolas e industriais. O Brasil possui as maiores reservas de água doce do mundo, a ideia de abundância reforçou uma cultura de desperdício, sendo nossas médias de consumo bem maiores do que o mínimo estipulado pela ONU.

Você acredita que desperdiçamos muita água? Como poderíamos adotar o reuso da água em nosso dia a dia?
Sim, além da média de consumo diário da população brasileira ser alta, outro fator preocupante é que nosso país desperdiça muita água potável nos sistemas de distribuição, causado por vazamentos nas tubulações, roubos e fraudes.
Nas residências existem várias maneiras de reuso da água. Entre elas está a captação e armazenamento da água da chuva para ser utilizada em processos de limpeza, descargas e irrigação; á água proveniente de banho pode ser captada e usada nos processos de limpeza, para dar descarga em vasos sanitários, por exemplo; e o esgoto gerado por residência pode passar por um processo eficiente de tratamento e, em seguida, utilizada para regar jardins, lavar calçadas e outros.